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The sacred and the profane

O sagrado e o profano

O presente ensaio aconteceu no ano de 2022, durante a primeira Cavalhada oficial pós pandemia em Pirenópolis, Goiás. Tal acontecimento teve uma simbologia especial, não apenas por marcar o fim de um fastio de festividades populares na cidade, mas por revelar aos olhos do fotógrafo um microcosmo de um mundo diferente, onde conflitos sociais, mudanças de comportamento e visão de mundo se apresentaram explicitamente entre gestos e fantasias.

A Cavalhada de Pirenópolis tem como origem os torneios medievais, onde aristocratas amantes de montaria se exibiam em uma representação de batalha, uma guerra santa entre cristãos e mouros. Por séculos tal cerimônia transitava entre um entretenimento aristocrático e uma forma de catequisar negros, índios e outros não cristãos. Com o passar dos anos, o evento se tornou mais popular, envolvendo também pessoas comuns, que se mascaravam para participar. Esses mascarados representam o povo de uma forma muito orgânica, sem a rigidez do cerimonial que envolvem os cavaleiros cristãos e mouros, criando um contraponto interessante entre passado e presente, sagrado e profano.
O Cavaleiro Azul 
( The Blue Knight )
Os Novos Bárbaros
( The New Barbarians )
A Reza
( The Prayer )
O Mascarado
( The Masked )
- Os Antigos Bárbaros -
( The Ancient Barbarians )
- O Abismo - 
( The Abyss )
- Dom Quixote -
( Dom Quixote ) 
- Revolta -
( Revolt )

No dia 06 de junho de 2022, enquanto poucos e nobres cavaleiros participavam da Cavalhada de Pirenópolis, seguindo regras e tradições seculares, hordas de mascarados esperavam a sua vez de subir no palco. De dentro da arena, os sons de tiros de festim, de galopes educados e cantigas religiosas, atrás dos portões, o som grave do funk fazendo as arquibancadas tremerem, a poeira levantada do chão de terra batida, o cheiro de cerveja, suor e ansiedade para participar da celebração. De um lado fantasias, do outro máscaras, de um lado a tradição, do outro o agora, de um lado o mundo do jeito que alguém imaginou que ele deveria ser, do outro lado, o mundo real. Os portões se abrem, esses mundos se encontram. Os cavaleiros, mouros e cristãos, se recolhem para o fundo da arena, juntos, unidos diante de centenas de mascarados, que invadem a galope cada centímetro do palco, com seus rostos escondidos, mas as suas verdades e desejos expostos.

Cada foto do ensaio revela um pouco dessa experiência única que foi participar da primeira Cavalhada pós pandemia em Pirenópolis, Goiás. Foi comovente ver manifestações de fé sinceras e silenciosas, representada na foto Reza; O olhar sonhador de quem se dispõe a batalhas impossíveis ilustrada na foto Quixote; A beleza e vigor das tradições expostas nas fotos Vermelho e Azul; o sentimento de indignação e predisposição para luta retratadas na foto Revolta; a maestria, beleza e criatividade ... O vigor, força e crueza expostos na foto os novos bárbaros; para finalizar, o abismo entre mundos do ponto de vista cultural, econômico e social representado na foto O abismo.
The sacred and the profane
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