1- Início da Jornada
 
O andróide permanecia no espaço, enquanto os seus comprimidos reduziam-se a pó. A sua zona de conforto desaparecera, o que fazia com que deixar o sonho na porta, fosse um acto cada vez mais fácil.
 
A peculiaridade das cores do seu espaço observável deixava a sua visão das estrelas bastante diferente, naquele dia. Mesmo assim continuou a percorrer o caminho sobre a neve e observava o quanto as suas pegadas em tão poucos segundos se tornavam invisíveis diante dos seus olhos.
Instantaneamente levanta lentamente a cabeça, olha para trás e despede-se do seu filho.
 
Agora também a criança decide iniciar a sua longa e dolorosa jornada, de escravidão e ilusão, ao Sol que não se encontra visível do seu planeta.
A criança monta uma cabana limpa, tal como indicava o livro de instruções. Posteriormente sai da cabana, agora já não tão limpa, e percorre a superfície lisa, sabendo que esta continha uma televisão por arranjar, dentro de um quadrado vermelho, desenhado no chão.
 
Quando chegou ao quadrado vermelho, não viu nenhuma televisão por arranjar. Nesse momento sentiu uma lágrima a escorrer-lhe pela cara, limpou-a rapidamente e correu para dentro da cabana, para buscar o livro de instruções.
De novo chegou do quadrado vermelho, onde não existia nenhuma televisão por arranjar, abriu o livro de instruções e começou a ler em voz alta as palavras que acreditava serem mágicas. Mas por alguma razão, desta vez sentiu que as tinha de ler de olhos fechados.
 
Quando abriu os olhos novamente, não viu nenhum livro de instruções diante de si, e nesse momento, a criança questiona-se como é que teria sido possível ler as palavras mágicas do livro de instruções, se estava de olhos fechados. E concluiu que existia a possibilidade de não estar a ler as palavras mágicas do livro de instruções, pois não estaria lá nenhum livro de instruções para ser lido.
 
Mas se as palavras mágicas do livro de instruções não existiam, porque não existia um livro de instruções, perguntou a si mesmo porque é que ele lera algo que não existia, num livro que não existia.
Ao observar o quadrado observou uma televisão por arranjar. Pegou na televisão por arranjar e levou-a para dentro da sua cabana já não tão limpa.
 
A criança corre ao encontro da sua avó, e pergunta porque é que tinha lido palavras mágicas que não existiam, num livro de instruções que não existia. A avó já cega pergunta-lhe se ele tinha lido as palavras mágicas do livro de instruções, de olhos fechados. A criança abana a cabeça afirmativamente. A avó sorri levemente, passa a mão pela cabeça da criança, e diz-lhe que as poucas palavras mágicas, que a criança tinha pronunciado não teriam sido suficientes para visualizar o livro de instruções.
 
Tudo porque o Sol que não se encontra visível no seu planeta, é que ilumina o livro de instruções, a ponto de ser visível.
Mas a avó da criança refere que o facto de a criança querer embarcar naquela jornada foi suficiente para poder ter um deslumbre do que eram a realidade daquelas palavras.
 
A avó toca no rosto da criança e abraça-a fortemente, a criança permanece paralisada com as mãos cerradas e olhar fixo num ponto, onde escutava o som que se fez existir, onde fazia criar na sua mente imagens de um passado que não é necessariamente passado, pois não passava de um conceito. Afinal não estaria lá ninguém para o testemunhar, não teria dado pela existência de nenhum corpo em matéria.
 
A criança segue caminho até à sua cabana já não tão limpa, e tira da sua caixa especial, duas pilhas de tamanho XXX, para por na televisão para arranjar, de facto já arranjada. Olha atentamente as pilhas, que permaneciam nas suas mãos, e observa a luz da lâmpada artificial e as pequenas partículas de plástico. Deu por si a esboçar um leve sorriso no seu rosto e coloca as pilhas no espaço correspondente.
 
2- Abuso /Exploração ao próximo
 
A criança fazia colecção de tesouras, gostava também de fazer listas organizadas, fazer explorações e de ouvir o som do vento a bater na sua cabana já não tão limpa. Gostava da sua nova descoberta, do seu livro de instruções. Apenas não gostava do facto do seu pai ter ido embora.
 
A criança ligou a televisão por arranjar, que já se encontrava arranjada, colocando o dedo no botão ON. Ouve um ruído grave e muito forte. De repente o som pára e aparece a imagem de um homem idoso, com a face bastante magra de forma oval, rugas carregadas à volta dos seus olhos, onde a tonalidade nessa mesma zona era ligeiramente mais escura do que no resto da face.
 
Tinha os olhos de uma expressão, a qual a criança não conseguia compreender. Olhos de uma expressão não identificável em tonalidade de variantes de azul. Possuía um fato roxo-escuro, limpo. Uma camisa azul-escura, abotoada até ao último botão e ainda uma gravata branca já não tão branca, já não tão bem apertada.
 
 O homem de expressão não identificável começa a falar. O ligeiro movimento de abertura da sua boca enrugada, não emitia inicialmente qualquer som. E os olhos de expressão não identificável observavam os olhos da criança, enquanto finalmente dava início ao seu discurso um tanto surreal.
 
 
 
- Um…
 
Assim falava o cão danado. Á espera que as palavras correctas fossem ouvidas, para retomar a viagem … um…dois…três… as pérolas desapareceram, o murro foi dado no carro. O bebé não começou a parar de chorar. As unhas verdes cuidadosamente pintadas, já foram provavelmente roídas. A marca do copo meio - cheio, ainda permanece na toalha iluminada. Dois sóis, duas luas. A criança que não sabia andar de bicicleta desistiu finalmente de o fazer. Acho que simplesmente não se tinha apercebido que as rodas tinham estado sempre furadas.
 
Tudo isto permanece aqui, com tanta clareza. Não compreendo porque é que me perguntaste o que era isto. Pensava que partilhávamos os mesmos sonhos.
 
Dois…
 
Tento permanecer na visão/descrição do texto, da toalha que poderia permanecer no chão. Todo o filme imaginado na sua mente permanecia sobre a situação amorosa entre duas cadeiras vazias. E perante isso deram a conhecer ao leitor que permaneciam sentados nas cadeiras, o fantasma e o outro fantasma.
 
Tudo isto permanece aqui, com tanta clareza. Não compreendo porque é que me perguntaste o que era isto. Pensava que partilhávamos os mesmos sonhos.
Tudo isto permanece aqui, com tanta clareza. Não compreendo porque é que me perguntaste o que era isto. Pensava que partilhávamos os mesmos sonhos.
Tudo isto permanece aqui, com tanta clareza. Não compreendo porque é que me perguntaste o que era isto. Pensava que partilhávamos os mesmos sonhos.
Tudo isto permanece aqui, com tanta clareza. Não compreendo porque é que me perguntaste o que era isto. Pensava que partilhávamos os mesmos sonhos.
Tudo isto permanece aqui, com tanta clareza. Não compreendo porque é que me perguntaste o que era isto. Pensava que partilhávamos os mesmos sonhos.
Tudo isto permanece aqui, com tanta clareza. Não compreendo porque é que me perguntaste o que era isto. Pensava que partilhávamos os mesmos sonhos.
Tudo isto permanece aqui, com tanta clareza. Não compreendo porque é que me perguntaste o que era isto. Pensava que partilhávamos os mesmos sonhos.
Tudo isto permanece aqui, com tanta clareza. Não compreendo porque é que me perguntaste o que era isto. Pensava que partilhávamos os mesmos sonhos.
Tudo isto permanece aqui, com tanta clareza. Não compreendo porque é que me perguntaste o que era isto. Pensava que partilhávamos os mesmos sonhos.
Tudo isto permanece aqui, com tanta clareza. Não compreendo porque é que me perguntaste o que era isto. Pensava que partilhávamos os mesmos sonhos.
 
Após o discurso surreal do homem de expressão não identificável, a televisão por arranjar, que já se encontrava arranjada desligou-se. A criança sentia-se estranha. A criança não sabia explicar muito bem a si mesma, aquilo que se estava a passar dentro da sua mente. A criança dobrou-se, fazendo com que fosse mais fácil ouvir o som do vento, mas o som parecia estar muito distante. A criança sentia medo. A criança sentia que tinha feito alguma coisa de mal. Sentia que poderia ter desobedecido ao Sol que não se encontrava visível do seu planeta. Sentia que se desobedecesse ao Sol que não se encontrava visível do seu planeta, ele poderia nunca mais ver o seu pai. Sentia que tinha de fazer tudo aquilo que era suposto para obedecer ao Sol que não se encontrava visível do seu planeta. Sentia que tinha de seguir todas as suas regras, para ser feliz, para que o seu pai voltasse. Para que tudo voltasse.
 
 3- Culpa /desencorajamento à Criatividade e Individualidade
 
A criança continha um elemento na sua vida, o qual para a sua existência era indispensável; Um cão. O cão. O cão de raça não identificável, que continha pequenas manchas azuis sobre o pêlo cinzento. A criança considerava o cão de raça não identificável como o seu melhor amigo, ou o único amigo que autorizava a fazer minimamente parte da sua vida.
 
A criança estudava o livro de instruções com a sua avó já cega, porque era isso que seria suposto fazer. Mas a criança queria por vezes, pegar num papel amachucado com as linhas azuis sobre os espaços em branco. A criança queria pegar num grande papel amachucado, para fazer um desenho para o seu cão de raça não identificável. Enquanto todo este pensamento se desenvolvia dentro da cabeça da criança, aquilo que deveria estar supostamente a acontecer seria estar a ler cuidadosamente as regras do livro de instruções, tal como a sua avó e o Sol que não se encontra visível do seu planeta queriam.
 
A criança imaginava-se num sonho acordado, onde pegava cuidadosamente no papel amachucado e sentava-se calmamente no chão do piso onde permanecia. A criança iria pegar numa caneta azul, abriria o papel que iria deixar de ser amachucado, traçaria com a caneta linhas sobre as linhas azuis e iria ficar feliz por poder fazer isso. De seguida iria desenhar um círculo, o qual iria identificá-lo como o seu planeta, mesmo que fosse um planeta ligeiramente diferente do seu.
Esse planeta iria ser povoado por si mesma, pela sua colecção de tesouras, pelas suas listas, pela sua televisão que já se encontrava arranjada, pela sua cabana, pelo seu cão de raça não identificável, pelo som constante do vento e pelo Sol que iria ser visível no seu planeta. Ela saberia que esse seria o seu planeta especial.
 
Este tornar-se ia o seu sonho acordado especial. A partir daquele momento, ela saberia que sempre que se sentisse estranho, como naquele dia, perante o homem de expressão não identificável, ela iria pensar com muita força no seu sonho acordado especial e assim poderia eventualmente, sentir-se melhor.
 
A avó já cega tinha saído junto da criança durante um relativo espaço de tempo, durante o qual não estaria logicamente à sua frente para poder “vigiar” os seus movimentos. A avó já cega chegou novamente junto da criança, onde poderia pressentir que a criança, no seu sentir, não fez aquilo que seria suposto ter feito. A criança acorda do seu sonho acordado e observa a expressão da sua avó já cega.
 
 A criança apercebeu-se que a sua avó se encontra zangada perante a sua acção. Imediatamente a criança tenta acalmar a sua avó, contando-lhe o seu sonho acordado.
 
A criança repara que a sua avó, faz uma expressão não identificável, igual ao do homem de expressão não identificável. A avó não está a falar nem a gritar. Ela vira-se de costas e pega em qualquer coisa que estava dentro do quadrado vermelho. A sua avó está agora a andar na sua direcção, com sua tesoura, retirada da sua colecção. A avó já cega estava agora a sorrir, a criança sabia que esta não seria uma expressão não identificável. A avó já cega estaria eventualmente feliz.
 
A avó pega na mão da criança e dá-lhe a sua tesoura, ao mesmo tempo que começa a articular as suas palavras de uma forma bastante calma e serena, comunicando à criança que tinha cometido um grande erro ao sonhar acordada. A criança teria cometido um grande erro.
 
A criança começava-se a sentir estranha, como se estivesse perante o homem de expressão não identificável. Como se a sua avó já cega se tivesse tornado igual ao homem de expressão não identificável. Como se agora aquelas expressões não identificáveis se tornariam presentes em um só elemento.
 
A ‘’avó já cega’’, acaba agora de articular as suas palavras e pede à criança, para que coloque uma das pontas da sua tesoura, junto às face da avó e que imaginasse estar a desenhar, duas riscas, em cada lado das suas bochechas. A criança sentia que tinha cometido um grande erro. A criança sentia que agora não valeria a pena imaginar acordado que ainda merecia ser feliz, com o seu pai, sabendo que tinha cumprindo com aquilo que seria suposto fazer para obedecer ao Sol que não se encontrava visível do seu planeta.
 
A criança fecha os olhos e sonha uma última vez acordada, que está a desenhar na sua cara duas grandes riscas, para ser um explorador do seu planeta, agora já não tão especial.
 
A criança sente os seus olhos a ficarem mais húmidos do que o normal. A criança pensa que o seu cão de raça não identificável está a morrer. A criança pensa que o seu pai está a morrer. A criança pensa que o seu sonho acordado está a morrer. Abre os olhos e vê gotas vermelhas a escorrerem pelos dois lados da sua face.
 
Agora com qual dos dois lados deve sorrir?
 
4- Viver com Medo
 
A criança ata o cordel azul, no buraco vazio da superfície metálica. Cujo objectivo caracteriza-se por dar início à sua sobrevivência dentro da sua cabana já não tão limpa. A cabana contém uma televisão já arranjada, uma caixa especial azul com uma superfície enrugada, que apresenta partículas brilhantes.
 
O céu imaginário agora parecia estar mais perto da superfície sólida e esta mesma superfície sólida parecia estar mais fria, a cabana já não tão limpa parecia estar mais pequena e menos suspensa no ar. Por sua vez, ar parecia mais leve, no entanto a capacidade da criança de ouvir e apreciar o som do vento, tinha diminuído dramaticamente. Assim como as suas constantes tendências para sonhar permanentemente acordada.
 
Acontecimento ocorrido sobre a acção de divisão de dois lados da face, não sabendo com o qual dos dois deve sorrir.
A criança perde o controlo do seu tom. Os seus comprimidos energéticos reduzem-se a pó. Evita não sufocar, já não permanece na sua zona de conforto. Contudo mantém a ideia de manter o cão de raça não identificável, após este morrer de envenenamento, de forma não identificável. Ele devia mesmo assim, de permanecer sobre a sua protecção. Agora os papéis amachucados permaneciam no chão, repletos de quadrados vermelhos e agora seria necessário limpar a cabana já manchada. E tudo estava a permanecer para si de uma forma bastante peculiar. A sua visão das estrelas estava diferente naquele dia.
 
O sorriso mostrava-se cada vez mais indeciso sobre que lado escolher. E afinal, o Sol continua a não ser visível do planeta.
 
 
O Bem e o Mal.
 
Início da luta sobre a decisão para qual dos lados se deve o sorriso fazer presente. Contra todas as ideias de individualização e criação, esta luta não deveria existir para a criança. Mas existiu.
 
6- Seguir algo cegamente (Fim da Jornada)
 
A resposta de encontro ao isolamento da palavra. O encontro da religião, do código de barras. A velha que via as estrelas, submeteu-se a furar as pupilas, ao encontro do bom, da recriação fictícia do Deus Mentira. O Sol que ilumina um planeta que não o vê. O derradeiro desafio do inimaginável de encontro ao mistério da criação do impossível. A repulsa do impulso de individualidade e criatividade das crianças. Crianças alimentadas pelas regras de falsa magia, engano de direcção directa a caminho do engano e cegueira. Cegueira fruto de todo o mal existente perante todos os padrões e ideias manipuladas, roubadas e manchadas.
 
Produtos de todo o mundo, todos mantêm o código de barras. Todos nós morreremos como produtos, porque nascemos como produtos. Mas podemos escolher não viver, morrendo no entanto, dentro das direcções sem oportunidade de escolha, sem a voz para poder de facto ser ouvida, para que esse tom não articulado permaneça nas memórias mais condenadas a uma cegueira que não deve ser curada.
 
A última memória ou sonho pecador passava-se no carrossel da feira popular, não certamente no seu planeta. Os póneis permaneciam em sua guarda. O azul era escasso, o que fazia com que a música uma vez libertadora se tornasse um incentivo à ansiedade. A criança já não se lembraria do seu pai. Perdeu o rasto do seu criador pelo mundo. Perdeu tudo. E tudo parece miseravelmente incompleto, assim como esta história e todas as frases e palavras que seriam transformadas em maravilhosas harmonias, de uma mente, não seria necessariamente um produto.
 
Mas o segredo mantinha-se enquanto o escritor pensava já se ter libertado do sonho, manipulado pelo seu planeta. A surpresa surge entre fragmentos de pensamento, em adoração de listas limpas e organizadas, manipuladas pela mente sem se tornarem produtos, até ficarem internamente esquecidas em suas partículas.
 
Uma chamada surge no espaço de tempo não identificável, dentro do quadrado vermelho. Um quadrado vermelho ocupado pelo espaço cheio de cabanas maltratadas, de tesouras desfeitas e de um desenho perturbador de uma televisão com o ecrã danificado, sobre as paredes vermelhas do quadrado. A personagem anda às voltas pelo quadrado, cuidadosamente pela mesma direcção, certificando-se que ao caminhar, submete os seus pés descalços naturalmente desalinhados, pelas mesmas linhas e partículas multicolores invisíveis. A um ritmo consideravelmente acelerado, este movimento consiste inconscientemente, em desempenhar a sua obsessão de infância; em esfregar rapidamente as suas mãos, ao encontro do expulsar de partículas indesejáveis que eventualmente prejudicariam o seu corpo e mente.
 
Ao pegar levemente no telefone visualiza as inúmeras vezes que as quatro paredes contêm a mesma frase escrita de 1001 maneiras. Para além do desenho da televisão de ecrã danificado, era o conjunto de palavras, que o sufocava.
 
  ‘’Tudo isto permanece aqui, com tanta clareza. Não compreendo porque é que me perguntaste o que era isto. Pensava que partilhávamos os mesmos sonhos.’’
 
- Agora tenho de desligar, já mandaram apagar as luzes dos dormitórios.
 
Uma outra voz:
 
- Os sonhos não foram mais partilhados, após a criança ter deixado cair os póneis. Os póneis morreram. As suas patas maltratadas. Os seus olhos perderam a cor.
 
A voz da personagem:
 
-Tudo isto se passou. Nós éramos as crianças. Nós só éramos crianças…
 
Depois desta última chamada ser dada como terminada, a ajuda psicológica e restantes auxiliares reduzidas a pó, não regressarão por estas paredes.
 
Fim
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