"Uma tradição (...) narra o caso de um homem em busca de Deus que se encontrou consigo mesmo". O Duplo eu: meu espelho, meu reflexo, meu gêmeo. O eu completo que é externo (social) e interno (psicológico) ao mesmo tempo.
“Conhece-te a ti mesmo” disse Platão lá nas antiga (é assim que se diz em Recife. Recife, praias, águas, espelhos). Tudo se conecta, se completa. É o Eu maior; o todo manifesto).
Espelhos aquáticos, águas profundas, águas escuras, desconhecido, medo, morte: a maior de todos os desconhecidos. "Encontrar-se consigo mesmo é, por conseguinte, funesto". A morte que nem sempre se mostra no corpo, física, matéria, costuma também se apresentar em formas sutis, simbólicas; são passagens, rituais, mudanças internas que redefinem o autoconceito de Eu.
"Na poesia de Yeats, o Duplo é o nosso anverso, nosso contrário, aquele que nos complementa, aquele que não somos nem seremos".
"No relato William Wilson, de Poe, o Duplo é a consciência do herói. Este o mata e morre".
"Dois amantes se encontram consigo mesmos no crepúsculo..."
Crepúsculo: luz e trevas, dia e noite, início e fim, tempo, antônimos, vida e morte. A morte simbólica se faz presente desde o crepúsculo às profundezas das águas escuras.
"Para os judeus, contudo, o aparecimento do Duplo não era presságio de morte próxima. Era a certeza de ter alcançado o estado profético".
A transcendência dos espelhos (internos e externos), espelhos aquáticos, espelhos humanos, irmãos gêmeos etc. dizem respeito a nossos opostos (vida e morte, dia e noite, preto e branco etc.) são antônimos harmônicos que se e nos complementam. São o Todo, são o Tudo. É VidaMorte, é uno.
Eis uma humilde reflexão sobre O Duplo.
O Livro dos Seres Imaginários
Jorge Luis Borges
O Duplo
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O Duplo

Projeto baseado nO Livro dos Seres Imaginários de Borges, para o Laboratório de Fotografia do Agreste - FotoLab.

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