Eu poderia redigir aqui o que me levou a produzir o trabalho que você acabou de ver, mas não. Poderia escrever também sobre o processo que levou ao resultado final (tecnicamente falando), mas não. Deixo para você a leitura da imagem. 

E deixo também aqui o registro daquela que foi a primeira crítica feita sobre um trabalho meu. Uma crítica redigida, de acordo com as palavras da autora, "no calor do momento", onde Maria Eduarda escreveu a respeito das obras presentes em uma exposição na reitoria da UFMG que mais lhe chamaram a atenção, e entre elas está essa a cima postada.

Maria Eduarda Moreira Martins Vieira:

"Há uma xilogravura sem título de João Carlos [Lima] de Morais, em que a imagem se divide em três horizontais, uma em cima da outra. Na de cima, uma arma de fogo e uma mão com o dedo indicador à esquerda e apontando para a direita. Na de baixo, a mesma cena à direita e apontando para a esquerda. No meio, quem está ameaçado entre as duas armas apontadas: um índio, facilmente identificável pelo cabelo, e uma onça, ambos com a figuração de apenas um quarto do rosto. João Carlos tem um excelente poder de síntese, com uma representação de posicionamento firme, que não deixa dúvidas, deixando claro a que veio com sua arte. Enquanto muitos chamam de arte qualquer protesto, artístico ou não, João Carlos sabe, com sua produção, protestar sem deixar de ser artístico."

Confesso a minha imensa surpresa em, primeiro, Maria ter me falado que escreveu sobre um trabalho meu; segundo, a forma como ela escreveu (curta, direta, sucinta, sem arrodeios), e, terceiro, a forma como ela viu meu trabalho. Nunca vi minha produção dessa maneira, nem de muito longe, mas tenho que confessar que, como me disse meu amigo Wander Rocha, é o tipo de coisa que "aquece o peito" e nos instiga a querer produzir mais.

Eu não tenho nada a dizer além de muito obrigado, Maria Eduarda!

Uma realidade
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