O objeto da pesquisa proposto para este Trabalho Final de Graduação foi um projeto arquitetônico de um Centro Cultural na Cidade de Ibaiti, no Estado do Paraná. Foi idealizado para ser implantado na região central da cidade, sendo de uso público e sem fins lucrativos, voltado para atividades vinculadas a temas culturais. Ibaiti está localizada na região norte do Estado do Paraná, a cerca de 300 quilômetros da capital Curitiba.

         O objetivo foi propor um espaço de referência regional de convívio entre indivíduo, sociedade e natureza, que facilitasse o fluxo e permanência de pessoas, que criasse laços com o entorno, que fomentasse a cultura local, que proporcionasse bem-estar na vida dos usuários e que tivesse uma disposição formal que criasse vazios que estivessem cheio de convites para estimular sua ocupação.

         A edificação proposta foi idealizada para abrigar atividades de lazer, cultura, contemplação, informação, estudo e recreação. Toda a dinâmica que essas atividades agregariam para o Centro Cultural serviriam para criar um ambiente de convívio que motive os indivíduos a estarem próximos uns dos outros e, quanto mais contato tivessem com o edifício, mais próximos estariam de si mesmos.

         As premissas relacionadas à cidade que estimularam a proposta de intervenção são a falta de incentivo a cultura, a inexistência de estruturas que garantam a preservação do patrimônio histórico-cultural, de espaços específicos que dêem suporte para as diversas atividades que podem potencializar as características artísticas dos indivíduos e de áreas para apropriação popular a fim de promover o encontro de pessoas e a disseminação de conhecimento.

         Por falta de vazios urbanos na cidade de Ibaiti, foi necessário escolher um terreno no qual há edificações e funções sendo realizadas. Atualmente uma empresa de móveis e eletrodomésticos faz uso do espaço como depósito de produtos, estacionamento e escritório.  

Optou-se por reutilizar o barracão existente para não alterar bruscamente a paisagem urbana, evitar o desperdício de materiais e estruturas, e promover os conceitos de reaproveitamento, sustentabilidade, economia e Retrofit.

        A intervenção no barracão foi idealizada com a intenção de criar uma praça coberta, com atividades diversificadas, amplo espaço para apropriação popular e contato com a natureza. A cobertura recebeu algumas telhas transparentes para agregar maior luminosidade ao interior do edifício. As paredes laterais foram recuadas para aumentar o espaço de passeio da calçada mais estreita e foram deixados apenas os pilares. Foi utilizado e ampliado o mezanino existente.

        O edifício contempla biblioteca, museu, restaurante, quiosques comerciais e setor administrativo. Para deixar o aspecto externo com características contemporâneas optou-se por revesti-lo com uma pele metálica para ocultar os pilares salientes e a cobertura existente sem grandes obras. Foram criadas grandes aberturas envidraçadas, com brises verticais de madeiras suspensas e espaços para ventilação compostos por cabos de aço, que servem de estrutura para plantas trepadeiras. As circulações verticais foram ressaltadas com tonalidade forte.

        Como o barracão não apresenta dimensões equivalentes as necessárias para abrigar todo programa de necessidades foi preciso criar um bloco. Para o novo bloco a proposta foi embasada em compor harmoniosamente formas volumétricas simples, verticalizar o edifício para reduzir a ocupação do solo e buscar o melhor aproveitamento das estruturas e encaixa-lo no terreno de forma que proporcione adequado aproveitamento e manejamento de terra.

        O conceito foi materializado com a vinculação de vidro, concreto e madeira plástica proveniente de material reciclado. É composto por ambientes amplos com grandes aberturas para proporcionar conexão visual entre os interiores dos dois edifícios.

         O novo bloco abriga lanchonete, teatro, exposições temporárias, terraço jardim e salas de aulas de dança, ginástica, teatro, música e artes manuais, dispostos em três pavimentos.

          O entulho gerado pela demolição de paredes do barracão deve ser reaproveitado em aterros, contrapiso e pavimentação dos caminhos. As novas estruturas são metálicas, as paredes externas são de tijolo ecológico e as internas de drywall com isolamento termoacústico e a cobertura é de estrutura metálica e telha sanduíche. A intervenção visa a sustentabilidade e faz uso de tecnologias de reaproveitamento de água, captação de água da chuva e energia solar e a utilização de tintas minerais naturais.

           Portanto, a composição final é simples e se encaixa com o entorno. E o restante do terreno recebeu ambientes de estar, contemplação, lazer e diversão, funcionando como uma praça ao redor dos edifícios.

Projeto elaborado e apresentado no segundo semestre de 2018.