Finalista - Concurso A0

Tal homem, tal drama, tal arquitetura

Concurso A0 = Modernismo X (Brasil + Le Corbusier)

Equipe - Anielly Tossin, Camille Jinbo, Tamy Pesinato

Apoio - Aline Roman, Débora Rocha, Heverson Tamashiro, Marcelo Varisco, Rodrigo Ramon Rodrigues, Toshiyuki Sawada

Projeto finalista selecionado para integrar a exposição “Experimentando Le Corbusier - Interpretações Contemporâneas do Modernismo” no Museu Oscar Niemeyer (Curitiba - PR, Brasil).

2019





“Há um ofício, um só, a arquitetura, onde o progresso não é a lei, 
onde a preguiça reina, onde o ontem ainda é a referência. 
Por toda parte, alhures, a inquietude do amanhã fustiga e conduz à solução”


Em face dos ensinamentos de Le Corbusier, o aspecto que se tornou primordial no desenvolvimento da nossa obra é o da importância do fazer arquitetônico em cada contexto. Cada época tem como dever analisar e levantar as questões e desafios referentes a seu próprio tempo sem fazer uso, descontextualizado, de ideias arquitetônicas fundamentadas numa conjuntura diferente.

Nossa obra tem por intuito enfocar o visitante como agente ativo na formação e construção da cidade e convidá-lo para debater sobre seu papel fundamental na busca de soluções para nossa vivência caótica na cidade.

Consideramos a interação como elemento chave para a abertura do debate, por conta disso a escolha de arcos se tornou ideal por proporcionar para cada visitante uma experiência única dependendo do percurso escolhido. Assim é formado um caminho de reflexão que resgata o caráter revolucionário do modernismo e mantêm vivos ideais de Le Corbusier através de citações suas no interior dos arcos.

Medidas e proporções

Os estudos tiveram como base as proporções áurea, proporção da folha A0 e o modulor. A altura dos arcos representa a mesma altura do modulor com seu braço levantado. A medida de passagem do arco corresponde à largura da A0 e a largura dos quatro arcos de MDF surgiram da medida da A0 divida por quatro, sendo o resultado 29,725 cm.

Esses quatro espelhos menores têm tamanho baseado na proporção áurea e estão posicionados em uma face interior a cada um dos quatro pórticos de forma que os visitantes passem pelo arco, leiam a frase e no final dela encontrem o espelho

Os espelhos atuam como elemento simbólico na instalação. Em meio às reflexões propostas, o visitante vê seu reflexo, se inclui no debate e também se enxerga como resposta para as mudanças que espera na cidade.


Caminhos com diversas possibilidades

Levamos em consideração a cidade contemporânea e seu caráter orgânico ao posicionar os arcos, uma vez que a arquitetura é um processo, um processo aberto em constante transformação que permite toda sorte de interpretações e vivências. 

Dessa forma, a experiência de cada pessoa passa a ser valorizada na instalação, o que possibilita ainda mais o sentimento de inclusão delas no ambiente urbano. A perspectiva passiva de enxergar a cidade como processo alheio a si mesmo muda para a visão da cidade como camadas de transformações que nós mesmos ajudamos a sobrepor.

As citações do Le Corbusier no interior dos arcos são organizadas de forma que cada pórtico tenha uma temática de debate a ser priorizada.

1
Com o intuito de ressaltar as cidades contemporâneas como palco das nossas atitudes foram escolhidas as seguintes citações:

“Os hábitos sufocam a arquitetura”
 "A arquitetura deve ser a expressão de nosso tempo e não um plágio das culturas passadas" 

2
Em outro arco, o tema abordado se trata dos olhos que não veem, nossa visão em meio ao caos, segregação, heterogeneidade da cidade atual que faz com que a visão do nosso próprio tempo seja difusa:

“Nossa época fixa a cada dia seu estilo.
Ele está aí sob nossos olhos.
Nossos olhos, infelizmente, não sabem discerni-lo ainda”

3
A frase já citada no início do texto traz luz à importância de agir nas cidades contemporâneas com atitudes de hoje para o hoje em contraposição aos maus hábitos de fazer arquitetura descontextualizada:

“Há um ofício, um só, a arquitetura, onde o progresso não é a lei, 
onde a preguiça reina, onde o ontem ainda é a referência. 
Por toda parte, alhures, a inquietude do amanhã fustiga e conduz à solução”

4
Este próximo arco traria a esperança para transformação urbana ao esclarecer que nós somos os agentes ativos das nossas cidades e, portanto, ela deve ser encaminhada a partir de nós mesmos:

“Nada está pronto, porém tudo pode ser feito”
“Uma grande época começa. Um espírito novo existe.”
  


Além dos quatro arcos conectados, haverá uma face somente de espelho, sendo atrás dele, numa placa de MDF, posicionado nosso breve memorial:

Pensar sobre seu próprio tempo. Eis o ensinamento mais atemporal de Le Corbusier. Exclusão social, segregação espacial, interesses econômicos, superlotação, violência, caos. Esse é nosso tempo.
Vivenciamos a cidade tão diversa em problemas e organicidade. Experienciamos soluções falhas. Respiramos esta realidade, agora que fazemos com ela?


Sensações

“Tal homem, tal drama, tal arquitetura”

Essa frase sintetiza a experiência sensorial transmitida pelo nosso projeto, uma vez que as relações entre homem e vivência arquitetônica são reforçadas.
Desde a leitura do breve memorial, o visitante é indagado e convidado a imergir nos questionamentos atemporais do Le Corbusier. Conforme a pessoa cria seu caminho as sensações da cidade são exprimidas: diversas possibilidades, vivências únicas, organização caótica, transformações constantes. 

As frases emoldurando o interior dos arcos incitam curiosidade aos visitantes, a ponto das pessoas se aprofundarem inconscientemente na discussão corbusiana
Ver seu reflexo em meio a tantas frases se torna impactante, esse elemento direciona o debate para si mesmo, o que leva ao objetivo final de incitar o caráter revolucionário do modernismo na atualidade brasileira.





















Finalista - Concurso A0
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